Protesto contra o encerramento de serviços
Cerca de 500 habitantes, autarcas e políticos de Pinhel manifestaram-se na sexta-feira, 23 de Março, na cidade da Guarda, pela defesa da manutenção de vários serviços da administração pública no concelho.
Habitantes e autarcas de Pinhel
“reclamaram” contra o Governo
O protesto realizado sob o slogan “Contra o encerramento do Interior!” foi decidido pelos líderes locais do PSD, PS e PCP, após uma deliberação tomada por unanimidade na última reunião da Assembleia Municipal de Pinhel.
A manifestação teve início pelas 13h 30m com uma concentração em Pinhel, no Largo dos Combatentes da Grande Guerra. Depois, os participantes seguiram em marcha lenta em direcção à Guarda, por dois itinerários distintos: mais de 300 viaturas fizeram o percurso por Almeida e pela auto-estrada A25 e cerca de 40 tractores agrícolas dirigiram-se para a capital de Distrito pela Estrada Nacional 221.
Os habitantes de Pinhel chegaram à Guarda pelas 16h 30m, tendo estacionado as viaturas no recinto onde se realiza o mercado ao ar livre, percorrendo depois a pé o trajecto entre aquele local e o Governo Civil, com passagem pela Rua 31 de Janeiro, Praça Velha, Rua do Comércio e Rua Alves Roçadas, tendo chegado ao Governo Civil pelas 18 horas, local onde permaneceram até cerca das 18h 45m.
O protesto foi organizado em defesa da continuidade do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) no centro de saúde local, manutenção da Zona Agrária, dos postos da GNR de Pínzio e de Freixedas e do Tribunal local.
Aliás, as várias reivindicações eram exibidas em grandes cartazes onde se lia “Não ao encerramento” da Zona Agrária, da GNR, dos Tribunais, dos SAP`s e surgia a pergunta: “O que será de nós?”.
Presidente da Câmara promete continuar com a luta A desmobilização só aconteceu após uma comissão de autarcas e representantes dos partidos políticos ter sido recebida pela Governadora Civil da Guarda, Maria do Carmo Borges, a quem entregaram um memorando com as suas reivindicações relacionadas com saúde, agricultura, justiça e segurança.
No final, o presidente da Câmara de Pinhel, António Ruas, garantia que a comissão ficou satisfeita com a forma como foi recebida pela Governadora Civil, prometendo novas formas de luta “se não houver soluções a curto ou médio prazo”. “Eventualmente poderá haver formas de protesto mais duras, mas nunca iremos para a violência nem para cortes de estradas”, garantiu o autarca.
No momento em que falava aos manifestantes, António Ruas disse que a Governadora Civil “não pode decidir absolutamente nada mas, manifestou o seu empenho para levar os nossos protestos junto das tutelas”.
“À partida já sabíamos que a Governadora Civil não tem soluções imediatas, mas fiquei satisfeito com a forma como nos recebeu”, salientou.
Ernesto Casimiro, residente em Vascoveiro, participou na concentração porque “não quero que feche nada no meu concelho”. “Não quero ir à Guarda nem a Figueira de Castelo Rodrigo. As coisas devem ficar como estão”, disse ao Jornal A Guarda.
Por seu lado Virgínia Monteiro, moradora nas Freixedas, deixou claro que a manifestação “é o primeiro aviso que a gente lhe está a fazer [ao Primeiro Ministro]”. “É uma injustiça retiraram-nos a GNR, porque existe desde 1927 e precisamos dela. Quanto às urgências, há muito pessoal idoso e não tem grandes meios para se deslocar para a Guarda. Tudo nos faz muita falta porque muitas pessoas não têm como se deslocar para aqui”, justificou.
Já Maria Canotilho, residente em Pinhel, justificou a sua presença na manifestação “para lutar pelos nossos direitos, porque querem-nos tirar tudo e nós não deixamos”.
Ao protesto também se associaram autarcas e alguns habitantes dos concelhos vizinhos de Trancoso, Figueira de Castelo Rodrigo e Almeida, que registam os mesmos problemas de Pinhel.
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