"Jornal «A GUARDA» - Edição de 28-06-2007"
SECÇÃO: Reportagem
Vila Nova de Foz Côa
Grupo de jornalistas estrangeiros visitou Parque Arqueológico do Vale do Côa
Um grupo de jornalistas estrangeiros, que nos dias 20 e 21 de Junho visitou o concelho de Vila Nova de Foz Côa e o Parque Arqueológico local, considerou que as gravuras rupestres, classificadas pela UNESCO como Património Mundial em Dezembro de 1998, necessitam de uma maior divulgação.
Cerca de uma dezena de profissionais da Associação da Imprensa Estrangeira, sedeada em Lisboa, esteve na região a convite da Comissão Evocativa do Equinócio e do Solstício, que no dia 21, quinta-feira, organizou mais uma Festa do Solstício, no sítio dos Tambores, nos arredores da freguesia de Chãs.
Na visita participaram jornalistas que representam agências internacionais, jornais e rádios de países como Brasil, Espanha, França e Rússia, Dinamarca, que tiveram oportunidade de conhecer as potencialidades turísticas, culturais e patrimoniais do concelho de Foz Côa.
O objectivo da iniciativa, segundo Jorge Trabulo Marques, da organização, foi promover a região junto dos jornalistas estrangeiros, para que possam fazer a sua promoção nos respectivos países.
O ponto alto da visita foi a deslocação ao Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), mais concretamente ao sítio arqueológico da Ribeira dos Piscos, onde o grupo, acompanhado por três guias, fez um longo percurso a pé e apreciou quatro painéis de gravuras do paleolítico.
“Já escrevi sobre as gravuras de Foz Côa, mas nunca estive cá”, disse Eva Birgitte Hennignse, jornalista da Rádio Estatal Dinamarquesa. “É lindo”, observou, apontando que a decisão tomada pelo Governo de António Guterres em 1995, que optou pela suspensão da barragem e pela defesa das gravuras “do ponto de vista cultural e ambiental, foi a melhor opção”.
A jornalista lamentou, contudo, que a região de Foz Côa e do Vale do Côa, que possuem enormes potencialidades culturais, tenham “uma fraca dinâmica”. “Na Dinamarca, a dinamização económica do local era mais rápida”, considerou, exortando as entidades competentes a uma maior aposta na divulgação do património.
Faz falta uma grande campanha de divulgação no estrangeiro
Também a repórter Bélem Rodrigo, do jornal ABC espanhol, impressionada com a beleza do local, considerou que era importante “divulgar ainda mais a região no estrangeiro”.
“Em Espanha, quando há uma promoção de Portugal, não se fala nas gravuras”, denunciou, salientando que o turista espanhol “sabe o que é Lisboa e Porto, as praias do Algarve, mas não conhece isto”. “Faz falta uma grande campanha promocional desta região”, defendeu.
“Se fosse em França, as pessoas mobilizavam-se mais na defesa do seu património”, frisou a jornalista Marie-Line Darcy, da Rádio France Internacional. “Os governos deviam estar mais atentos a Foz Côa”, considerou, dando o exemplo no atraso, em cerca de uma década, das obras do futuro Museu do Côa, que só começou a ser construído em finais de 2006.
Vitaly Mirny que escreve para o jornal do Parlamento Russo, considerou que com a preservação das gravuras “ganhou Portugal e o Mundo, tendo em conta a importância da descoberta”, enquanto que Ana Rojas, fotojornalista do jornal Folha de S. Paulo (Brasil) declarou ao Jornal A Guarda, durante a visita ao PAVC, que “esperava uma coisa maior”.
Durante a estadia no Parque, Paulo Amorim, fotojornalista da Agência Estado (Brasil), não largou a máquina fotográfica e cuidou de registar todos os momentos da visita.
Referiu que achou a cidade de Vila Nova de Foz Côa “um pouco pacata”, mas espera que, a breve prazo, o cenário mude e a região “rentabilize devidamente as gravuras e todo o património existente”.
“Quem não conhece não sabe o que perde”
“Não podemos ir muito depressa”, considerou Pedro Soares, da American ImagePress, ao comentar o fraco desenvolvimento da região apontado pelos colegas.
“Não podemos ter aqui turismo de massa, é necessário reflectir sobre as potencialidades que temos e avançar para o concreto. É preciso divulgar, promover e dizer que quem não conhece, não sabe o que perde”, afirmou.
Para Jorge Trabulo Marques, em Portugal não há património tão valioso como o do Vale do Côa: “Isto que é a primeira maravilha de Portugal. Andam para ai a falar de maravilhas, mas a maior maravilha que temos, são estas gravuras com 20 mil anos de História”.
O actor João Castro, que também integrava a comitiva, imitou o historiador José Hermano Saraiva, para afirmar ao Jornal A Guarda que Portugal “tem a grandeza de ter este insigne património que deve dar a conhecer ao Mundo”.
“Reproduzido com a devida autorização”
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A visita dos jornalistas mereceu o elogio do Presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, Emílio Mesquita, considerou que a presença de jornalistas estrangeiros no seu concelho, é sempre positiva, pelo facto de poderem divulgar as potencialidades locais pelo Mundo.
“O concelho de Foz Côa já é sobejamente conhecido pelo seu património, sobretudo pelas gravuras, mas há outras coisas para além das gravuras e da arqueologia”, frisou o autarca, exemplificando com as potencialidades naturais e gastronómicas.
“Esta visita faz-se a pretexto das pedras de Chãs, que parecem estar no alinhamento dos astros, designadamente o solstício e o equinócio, mas Foz Côa tem que continuar a apostar em dar-se a conhecer, porque o futuro do concelho passa pela atracção de pessoas”, adiantou.
Para Emílio Mesquita, o turismo é fundamental para o desenvolvimento da região, admitindo que “aquilo que tem faltado é criar condições para sermos visitados, é promover o concelho e os nosso produtos”.
“Temos um pouco de tudo o que é bom e é apreciado pelos turistas, seja em termos de gastronomia ou de património cultural”, frisou.
Salientou ainda que o concelho de Foz Côa “é um concelho que vale a pena visitar e de onde as pessoas podem sair satisfeitas pelas visitas e pelo contacto com a natureza”.
“Que apreciem e reconheçam o valor que estas coisas têm e possam transmitir essa mensagem para os quatro cantos do mundo”, desejou o autarca Emílio Mesquita em relação à deslocação dos jornalistas estrangeiros.
Os convidados, para além do Parque Arqueológico do Vale do Côa, visitaram o Circuito Cultural de Freixo de Numão e a Quinta da Ervamoira, onde existe um museu dedicado ao património natural do Douro Superior e à produção do vinho do Porto.
“Reproduzido com a devida autorização”